Destaques do ano 2003
Atividades gerais e de infra-estrutura do LNA Sempre com o intuito de
melhorar os seus serviços aos pesquisadores brasileiros, para o
benefício da comunidade astronômica nacional, o LNA desenvolveu em 2003
várias medidas estratégicas de infra-estrutura:
- Prédio de Laboratórios e Oficinas: Ciente da importância
de desenvolver, no âmbito nacional, capacidades infra-estruturais e
tecnológicas, de desenvolver instrumentação periférica para os
telescópios astronômicos (i.e. instrumentos, alimentados pela luz
capturada pelos telescópios, que analisam a radiação dos objetos
astronômicos), o LNA iniciou as obras da construção de um novo
prédio, junto a sua sede em Itajubá. O prédio abrigará oficinas e
laboratórios especializados para projetar e construir instrumentos
altamente sofisticados, além de escritórios para os cientistas e
tecnólogos envolvidos nos projetos instrumentais. Desta forma o LNA
cumpre uma recomendação específica da Comissão de Avaliação das
Unidades de Pesquisa do MCT (Comissão Tundisi). Na primeira etapa da
construção, financiada através de recursos próprios do LNA, o
prédio foi erguido até a laje do primeiro andar (Fig. 5). A
continuação das obras depende da disponibilidade de verbas.

Fig. 5: Obras no novo prédio da Sede Itajubá
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Fig. 6: Espectrógrafo Eukalyptus
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- Colaboração com o Instituto do Milênio MEGALIT: O LNA é uma
das instituições executoras mais proeminentes do Instituto do
Milênio MEGALIT (Instituto do Milênio para Evolução de Estrelas e
Galáxias na era dos grandes telescópios: Implementação de
Instrumentação para Gemini e SOAR), que engloba cerca de 80% das
instituições de astronomia brasileiras. Este projeto tem como
principal objetivo a capacitação da astronomia brasileira na área
de instrumentação astronômica, que é fundamental para o avanço
das pesquisas em astronomia e também dá um grande impulso em várias
áreas tecnológicas tais como: mecânica fina, eletrônica de
controle, software e óptica, além de ter um forte aspecto
multidisciplinar. O LNA tem participado ativamente de vários projetos
do Instituto MEGALIT, dos quais se destacam o desenvolvimento do
espectrógrafo de alta resolução para o SOAR, o desenvolvimento do
software de redução de dados dos espectrógrafos SIFS e Eucalyptus,
a proposta de um espectrógrafo Echelle de alta resolução alimentado
por fibras ópticas, projetos descritos em mais detalhes em outros
lugares neste relatório.
- Workshop sobre instrumentação: Outra
atividade para fomentar as capacidades de desenvolvimento instrumental
no âmbito nacional ocorreu com a organização, junto com o Instituto
do Milênio MEGALIT, de um workshop internacional com o título
"Optical and Infrared Astronomical Instrumentation for Modern
Telescopes", realizado de 16 a 20 de novembro, contando com um
total de 128 participantes. A forte participação internacional,
principalmente - mas não exclusivamente - por parte das comunidades
estrangeiras parceiras do Gemini e SOAR, garantiu o alto nível do
evento. O workshop teve como intuito (1) tornar visível os esforços
em instrumentação desenvolvidos em diversas instituições
nacionais, para incentivar colaborações entre os grupos, a fim de
focalizar projetos de interesse nacional, (2) incentivar a
integração internacional com grupos mais avançados atuando na
área, ciente de que o progresso tecnológico em instrumentação
depende do livre intercâmbio de conhecimento, transcendendo as
fronteiras nacionais, (3) sensibilizar os estudantes e jovens
cientistas para a importância do desenvolvimento instrumental na
astronomia, pois a história mostra que instrumentos inovadores sempre
levaram a descobertas importantes.
- Banco de Dados de Documentos:
Para facilitar o gerenciamento dos documentos gerados pelas diversas
áreas do LNA, e para manter o histórico institucional, foi criado um
sistema eletrônico de arquivar e acessar, através da rede interna de
informática, todos os documentos importantes da instituição. Este
Banco de Dados de Documentos centraliza o gerenciamento dos
documentos, outrora tarefa das Coordenações de sua origem, em um
único lugar, com óbvias vantagens para acessá-los.
- Capacitação
de Recursos Humanos: Devido ao rápido progresso tecnológico e às
mudanças de técnicas gerenciais, o treinamento contínuo e a
capacitação de Recursos Humanos, em todos os níveis, são
indispensáveis para manter a qualidade de serviços que o LNA presta
aos seus usuários. Enquanto em anos anteriores treinamento e
capacitação ocorreram sem planejamento específico, em 2003, pela
primeira vez, o LNA elaborou um Plano de Capacitação dos Servidores
do LNA. Neste contexto, uma série de medidas foi iniciada, desde a
realização de curso de ensino fundamental até participação em
cursos superiores com o apoio do LNA, beneficiando diretamente um
grande número de servidores. Espera-se que a médio e longo prazo
essas medidas aumentarão no geral a capacidade do LNA para cumprir a
sua missão.
- Divulgação: O LNA, como instituição pública,
está ciente da sua obrigação de prestar contas de suas atividades
não somente através de relatórios técnicos ao Governo Federal e
através de publicações especializadas à comunidade científica,
mas também através de divulgação pública, à população local e
nacional. O LNA desenvolve numerosas atividades neste sentido,
voltadas a fornecer informações sobre astronomia em geral, sobre a
própria instituição e os observatórios por ele gerenciados, e
colabora ativamente nas redes de divulgação de Gemini e do SOAR.
Neste contexto, o LNA coloca uma certa ênfase na educação
astronômica em escolas e colégios: Em 2003 mais de 2.000 pessoas
visitaram o OPD, a grande maioria dos quais eram criança de escolas
das redes pública e particular com seus professores (que atuam como
multiplicadores). Além disso, mais de 560 crianças assistiram à
palestras ministradas por representantes do LNA em suas escolas, ou
foram assessoradas em seus trabalhos escolares, feiras do conhecimento
e similares. Outras atividades incluem participação em exposições
e feiras a nível nacional, regional ou local, publicações em
revistas e livros, emissão de notícias para a imprensa,
participações em programas de rádio e TV etc. Em eventos
específicos ("Marte de Perto") - visitados por cerca de
2.000 pessoas - a população geral teve a oportunidade de fazer
observações astronômicas com telescópios portáteis do LNA.
- Convênio Brazópolis: Existe uma grande demanda na população local
e entre os visitantes da região para conhecer o OPD. Para facilitar
visitas públicas além de escolas ao observatório (difícil de
organizar face aos escassos recursos humanos do LNA), e considerando
que Brazópolis, município no qual está localizado o Observatório
do Pico dos Dias, tem grande interesse em desenvolver sua atração
turística, o LNA está prestes a assinar um acordo com a Prefeitura
de Brazópolis com o intuito de que o LNA permita, sob condições bem
estabelecidas, visitas públicas ao OPD, organizadas pela Prefeitura.
Desta forma, futuramente, tais visitas - exceto às de escolas - ficam
sob a responsabilidade da Prefeitura de Brazópolis. Espera-se com
essa medida um aumento significativo de visitantes ao observatório
sem onerar as capacidades limitadas do LNA.
- Convênio com a UNIVAP:
O LNA mantém um convênio com a Universidade do Vale de Paraíba -
UNIVAP para operar - no recinto do OPD - um laboratório para estudos
de processos físicos e químicos da alta atmosfera terrestre que tem
como intuito entender melhor os efeitos da atividade solar na terra.
Considera-se essa colaboração como exemplo para o uso da
localização privilegiada do OPD para pesquisas em áreas
relacionadas, porém não exatamente voltadas à missão do LNA, que
beneficiam o progresso científico em geral sem onerar
significativamente os recursos do LNA.
Desenvolvimento do OPD
Do ponto
de vista quantitativo, com o telescópio SOAR ainda não sendo
operacional, o OPD permanece o observatório principal para a
comunidade científica brasileira. Cerca de 80 projetos científicos
foram executados em 2003. Muitos destes são pesquisas de mestrado ou
doutorado realizados por estudantes de pós-graduação das mais
diversos instituições de ensino do país. Além disso, em vários
eventos específicos numerosos estudantes de graduação receberam
treinamento nos telescópios do OPD, sublinhando a importância
fundamental do LNA na formação de recursos humanos na astronomia a
nível nacional.
Investimentos contínuos em instrumentação são
cruciais para manter a competitividade de qualquer observatório,
inclusive o OPD. Isso compreende o desenvolvimento ou aquisição de
novos instrumentos, tanto quanto a modernização, conforme o
progresso tecnológico e as possibilidades da sua implementação, da
instrumentação periférica existente e a ampliação das capacidades
dos próprios telescópios. Neste contexto foram desenvolvidas várias
atividades:
- Espectrógrafo Eucalyptus (Fig. 6) : Trata-se de um
instrumento de tecnologia inovadora, capaz de obter simultaneamente
512 espectros espacialmente resolvidos de objetos astronômicos,
elevando em muito a eficiência observacional em comparação com
espectrógrafos de desenho clássico. Neste instrumento, desenvolvido
em grande parte no LNA, que foi utilizado pela primeira vez no OPD no
final de 2002, numerosos melhoramentos foram realizados, tanto na
parte do hardware quanto no software de controle e de tratamento de
dados. Estas medidas facilitaram em muito o uso do instrumento e
levaram até à implementação de modos operacionais não previstos
para o espectrógrafo inicialmente: Pela primeira vez na história do
OPD é possível executar observações espectropolarimétricas.
Considera-se o Eucalyptus o instrumento mais competitivo do OPD
atualmente.
- Espectrógrafo Echelle: O LNA realiza um estudo
conceitual de um espectógrafo Echelle de alta resolução, alimentado
por fibras ópticas. Devido a seu acoplamento óptico ao telescópio
via fibras, o instrumento é praticamente independente do telescópio
a qual está conectado. Portanto, com mínimas adaptações o
instrumento poderá ser utilizado em conjunto com telescópios tão
diversos como o telescópio de 1,6 m do OPD ou o Gemini. O LNA cogita
construir um instrumento deste tipo para o OPD para substituir
instrumentação existente de conceito diferente e muito menos
eficiente, elevando, desta forma, substancialmente a competitividade
do OPD.
- Gaveta Polarimétrica: Esse dispositivo, utilizado em
conjunto com as câmaras eletrônicas do OPD, permite determinar a
polarização da luz dos objetos no campo de visão do telescópio. O
LNA firmou acordo com pesquisadores do Instituto Astronômico e
Geofísico da Universidade de São Paulo para projetar e construir uma
nova versão que será muito mais versátil e eficiente do que a
gaveta atual. Atualmente o instrumento está sendo construído. Seu
comissionamento no OPD é previsto para o primeiro semestre de 2004.
- Óptica adaptativa: No âmbito astronômico, a aplicação de
técnicas da óptica adaptativa foi desenvolvidas em anos recentes
para corrigir as imagens astronômicas pelas distorções sofridas por
causa de influências prejudiciais da atmosfera terrestre, elevando em
muito a resolução e qualidade das imagens. Em colaboração com as
Universidades de São Paulo e de São Carlos e o Observatório
Nacional, o LNA iniciou um programa para desenvolver tais técnicas
inovadoras no âmbito do OPD. Espera-se que esses esforços levem, a
médio prazo, a um sistema de óptica adaptativa no telescópio de 1,6
m ou que eleve em muito a eficiência e competitividade do OPD.
- Caracterização instrumental: Para fornecer aos usuários do OPD
informações confiáveis sobre os instrumentos periféricos dos
telescópios e seu desempenho, a fim de facilitar o planejamento e a
preparação de projetos observacionais, o LNA iniciou um programa de
caracterização rigorosa dos instrumentos. Os resultados estarão
disponibilizados na internet para toda a comunidade dos usuários.
Essa medida resultará na maior eficiência no uso dos telescópios,
evitando desperdiço de valioso tempo observacional devido à
informações ausentes ou incompletas sobre as caraterísticas
instrumentais.
- Documentação de procedimentos operacionais: Muitos
dos procedimentos operacionais no OPD como por exemplo a troca de
instrumentos, a manutenção dos telescópios e da instrumentação
periférica, a aluminização dos espelhos etc., nunca foram
devidamente documentados. Desta forma, esses conhecimentos essenciais
para o bom funcionamento do observatório somente existem na memória
dos técnicos e tecnólogos que executam essas tarefas. Para tornar a
operacionalidade do OPD independente do conhecimento de pessoas
específicas, necessita-se documentar os procedimentos de forma que
estes estejam acessíveis sem depender destas pessoas. O LNA iniciou
um programa para esta finalidade.
O uso brasileiro dos telescópios
Gemini
O observatório Gemini apresenta para a comunidade astronômica
nacional o único acesso institucionalizado à telescópios de maior
porte mundial. Os telescópios foram projetados para buscar respostas
à questões científicas de alta relevância tais como o origem e
evolução de galáxias, nascimento de estrelas, sistemas planetárias
extra-solares, a natureza de Matéria Escura e de Energia Escura,
entre outros. Após uma fase de aprendizagem no uso de instrumentos
deste padrão, os pesquisadores brasileiros agora utilizam o Gemini
rotineiramente. O LNA como escritório nacional do Gemini gerencia
todos os aspectos da colaboração internacional no âmbito brasileiro
e age como interlocutor entre a comunidade nacional e o Gemini. Em
2003 destacam-se os seguintes fatos referentes ao Gemini:

Fig. 7:
Imagem de lente gravitacional, observada em tempo brasileiro no Gemini
(cortesia: Eduardo Cypriano, IAG/USP)
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Fig. 8: Espectrógrafo STELES no
telescópio Soar
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- Número recorde de projetos: Em 2003 a comunidade astronômica
brasileira apresentou 38 projetos científicos para o Gemini - todos eles
visando estudos no limite do conhecimento - mais do que em qualquer outro
ano desde o início das operações do observatório. A demanda supera
significativamente as capacidades, sendo que muito mais tempo de
telescópio foi solicitado pelos pesquisadores do que o disponível para a
comunidade brasileira, demonstrando o alto grau de aceitação dos
telescópios e a confiança dos cientistas nas capacidades destes para
pesquisas competitivas. Vários projetos realizados apresentam
colaborações entre pesquisadores brasileiros e cientistas de outros
países parceiros do Gemini, seguindo o espírito explicitamente promovido
pelo consórcio, de incentivar a colaboração científica entre os
parceiros.
- Ampliação da colaboração entre o LNA e o Gemini: O LNA
está prestes a assinar com o Gemini um "Plano de Implementação
Conjunta para Suporte aos Usuários Baseado no Acordo Gemini". Neste
contexto o LNA ampliará significativamente seus serviços à comunidade
nacional de usuários do Gemini, assumindo tarefas que outrora foram
executadas pelo próprio observatório. Desta forma, o LNA participa
diretamente no gerenciamento e na operação dos telescópios.
- Treinamento: O conhecimento profundo dos telescópios e instrumentos
periféricos é condição sine qua non para poder fornecer suporte
qualificado aos usuários na preparação das suas missões observacionais
e também é fundamental para prestar os serviços adicionais devido ao
acordo mencionado no parágrafo anterior. Sentindo carência nesse
sentido, o LNA enviou três pesquisadores para os telescópios Gemini para
treinamento. Os conhecimentos adquiridos já estão beneficiando os
usuários que tem interlocutores no LNA para questões relacionadas as
suas observações, e o Gemini que - isento das tarefas assumidas pelo LNA
- pode melhor concentrar seus recursos no gerenciamento de outros aspectos
operacionais.
- Colaboração em projetos instrumentais: O Gemini
convidou um pesquisador do LNA para participar durante dois a três meses,
junto ao Gemini Sul, no comissionamento, testes de empenho e primeiras
observações científicas de um novo instrumento periférico do
telescópio. Trata-se do Gemini Near Infrared Spectrograph - GNIRS. O
convite é o mais recente de uma série de convites do Gemini a
pesquisadores brasileiros para colaborar temporariamente com o Gemini num
assunto específico. A repetição dos convites demonstra a confiança do
Gemini nas capacidades dos astrônomos do Brasil. Para o LNA a
colaboração de um dos seus pesquisadores no comissionamento do GNIRS
apresenta oportunidade única para adquirir conhecimentos profundos do
instrumento; que beneficiarão toda a comunidade através do melhor
suporte que o LNA poderá fornecer a ela.
- Compra da parte chilena: O
Chile manifestou sua intenção de sair do consórcio Gemini. Foi acordado
entre os demais parceiros o reembolso ao Chile do capital investido, e a
distribuição da participação chilena em proporção de suas próprias
participações. Desta forma, o Brasil compraria uma fração da parte
chilena do Gemini equivalente a sua fração total no observatório. As
negociações sobre o assunto encontram-se na fase final.
SOAR: Novas
perspectivas se abrem
As especificações muito rigorosas do SOAR, que
tornam o telescópio o melhor do mundo no que se refere a sua qualidade
óptica, levaram a um atraso no polimento do espelho principal, de forma
que o projeto como um todo sofreu um atraso equivalente. Porém,
finalmente essas dificuldades foram superadas, e a "primeira
luz" (o momento em que o telescópio, com todos os seus subsistemas
integrados, poderá executar pela primeira vez observações
astronômicas) está prevista para os primeiros meses de 2004. Logo depois
as observações científicas serão iniciadas. Levando em conta que,
devido a sua participação majoritária, o tempo disponível para o
Brasil no SOAR supera o tempo disponível nos telescópios Gemini em um
ordem de grandeza, o início das operações do SOAR abre novas
perspectivas para a astronomia brasileira.
Com o SOAR em operação, o
Brasil dispõe de um leque de telescópios ideal, começando com os
telescópios de 60 cm do OPD e terminando nos telescópios Gemini, com
instrumentos adequados para todos os tipos de pesquisa astronômica
observacional na faixa óptica/infravermelha, de forma que as pesquisas
(não necessariamente em todos os casos individuais, mas em geral) possam
utilizar não somente um único telescópio, mas tiram proveito de vários
telescópios deste leque para diferentes aspectos da mesma pesquisa
científica e em diferentes fases da sua realização.
Do ponto de vista
brasileiro foram estes os ítens que mais se destacam neste ano no que se
refere ao SOAR:
- Término do polimento do espelho principal: Realizar as
metas definidas nas especificações para a qualidade óptica do
telescópio tinha sido talvez o maior desafio na sua construção. Isso
resultou de um lado no atraso do projeto mencionado acima, mas do outro
lado garantiu a qualidade ótica superba do SOAR em comparação com
outros telescópios. No final, a rugosidade média do espelho fica em
torno de 0,016 mm (e para grande parte cai até para 0.01 mm). Em termos
mais fáceis de visualizar, isso significa que, se o espelho não tivesse
o tamanho de 4,1 m, mas o tamanho do Brasil inteiro, e se a rugosidade
remanescente tivesse aumentado da mesma forma, ela levaria à
"montanhas" com uma altura típica de não mais de 1-2 cm!
- Integração e testes dos componentes ópticos: O sistema óptico do
telescópio SOAR consiste não somente no espelho primário, mas em um
conjunto de três espelhos que interagem de forma sofisticada e complexa.
Para garantir sua funcionalidade e para evitar problemas na integração
da óptica na estrutura do telescópio, todo o sistema óptico foi
integrado na fábrica onde foi construído e testado de forma rigorosa.
Após o término, com sucesso, dos testes em dezembro, todos os
componentes foram enviados para Cerro Pachon, Chile, local do telescópio.
Com isso, uma das etapas mais importantes para a conclusão do projeto foi
terminada.
- Espectrógrafo SIFS: O SOAR Integral Field Spectrograph -
SIFS é uma versão mais avançada do espectrógrafo Eucalyptus do OPD.
Usa fibras óticas para obter simultaneamente 1300 espectros,
espacialmente resolvidos, de objetos astronômicos. Em colaboração com
outras instituições, o LNA está atualmente construindo o instrumento.
Especificamente, além da parte elétrico-eletrônica e do controle do
espectrógrafo, toda a parte envolvendo as fibras óticas, utilizando
tecnologias inovadoras pela primeira vez aplicadas no Eucalyputus e agora
aperfeiçoadas no SIFS, fica sob a responsabilidade do LNA. O SIFS estará
entre os mais importantes da primeira geração de instrumentos para o
SOAR e aproveitará a excelente qualidade de imagem do telescópio para
fornecer espectros de objetos astronômicos extensos com alta resolução
espacial.
- Espectrógrafo STELES: O LNA, junto com outras
instituições, elaborou a concepção e planeja construir o SOAR
Telescope Echelle Spectrograph - STELES (Fig. 8). Trata-se de um
espectrógrafo de alta eficiência que vai fornecer espectros de alta
resolução, cobrindo todo o espectro óptico desde o limite atmosférico
até o infra-vermelho próximo. Especificamente sua capacidade de observar
a parte do ultravioleta até o corte de transmissão imposto pela
atmosfera terrestre tornará o instrumento superior a outros
espectrógrafos utilizados em telescópios de grande porte. O estudo do
desenho conceitual foi apresentado nos dias 20 e 21 de novembro à uma
comissão internacional. O LNA aguarda o parecer da comissão. Porém, os
membros da comissão já sinalizaram que recomendam a continuação do
projeto, expressando, do outro lado, preocupações com os escassos
recursos humanos disponíveis no LNA para construir o instrumento. Isso
sublinha a necessidade do aumento do corpo técnico-científico do LNA
para não perder sua capacidade de atuar em nível internacional. O LNA
espera, com o apoio do MCT, superar tais problemas para poder iniciar a
construção do STELES, que será utilizado como instrumento da segunda
geração no telescópio SOAR. Þ Astrônomo Residente junto ao SOAR:
Conforme o acordo internacional sobre o SOAR, o Brasil tem obrigação de
contribuir com recursos humanos em forma de um Astrônomo Residente que
executará tarefas organizacionais e operacionais do SOAR e fornecerá
suporte in loco para os usuários brasileiros do SOAR. O LNA organizou uma
busca de candidatos com perfil adequado para essa função e identificou
dois astrônomos que iniciarão seus trabalhos no SOAR nos primeiros meses
de 2004
- Preparações para a fase operacional: Com o início das
operações do SOAR, o LNA - sendo responsável para todos os aspectos
gerenciais e operacionais no Brasil - enfrenta um grande desafio: seus
poucos servidores pesquisadores, capacitados para tais tarefas, que já
estão sobrecarregados com trabalhos referentes ao Gemini e o OPD,
deverão organizar todo o processo de distribuição do tempo brasileiro
no SOAR, fornecer suporte na preparação das observações, e agir como
único interlocutor entre a comunidade científica nacional e o
Observatório. Mesmo com o início da fase operacional do SOAR só em
2004, esses trabalhos já devem começar com vários meses de
antecedência para que as observações científicas possam seguir
imediatamente à "primeira luz". Apesar da escassez de pessoal
qualificado, o LNA já iniciou a organização dessa tarefa difícil.
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