O
Laboratório Nacional de Astrofísica tem o prazer
de comunicar que os diversos componentes ópticos do
Telescópio SOAR deixaram a fábrica da Goodrich
em Dansbury, Connecticut, EUA, começando, assim, sua
viagem de quase um mês até atingirem o cume do
Cerro Pachón, nos Andes chilenos.
O Diretor do LNA,
Dr. Albert Bruch, comentou que “Devido às especificações
rígidas no que se refere à qualidade dos elementos
ópticos do telescópio SOAR, principalmente do
espelho primário, construir esses componentes foi muito
difícil e demorou bem mais do que o previsto. Mas os
esforços valeram a pena! A alta qualidade dos espelhos
faz que o SOAR esteja entre os melhores telescópios
deste porte, talvez até o melhor, do mundo. É
por isso que a entrega das partes ópticas pela empresa
fabricante para o consórcio SOAR representa uma longamente
esperada e importantíssima marca no caminho para a
conclusão do telescópio.”
Indagado sobre as
próximas etapas do trabalho, o Dr. Bruch esclareceu
que “Agora só falta a integração
dos espelhos na estrutura do telescópio, que já
foi completada e testada. Toda a comunidade astronômica
brasileira aguarda com ansiedade o início das operações
do telescópio, prevista para o primeiro semestre do
próximo ano, para poder usufruir desse instrumento
a fim de realizar mais pesquisas de primeira linha.”
O Dr. Bruch concluiu
dizendo que “O Brasil pode se orgulhar de não
somente participar, mas de ser o parceiro majoritário
neste empreendimento científico de importância
mundial.”
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1.
O
que significa a palavra SOAR?
Esta
é a sigla inglesa para SOuthern Astrophysical Research
telescope, ou seja, telescópio austral para pesquisas
astrofísicas.
2. O que é o Telescópio SOAR?
Trata-se
de consórcio entre o Brasil, a Universidade da Carolina
do Norte em Chapel Hill (EUA), a Universidade Estadual de
Michigan (EUA) e o National Optical Astronomy Observatory
(NOAO, EUA) para a construção e operação
de um moderníssimo telescópio para pesquisas
astronômicas no óptico e infravermelho.
3.
Quais
são as partes do telescópio de que trata esta
matéria? Para que servirão?
Estamos falando de três espelhos, seus sistemas de suporte,
componentes eletrônicos e software de controle dos mesmos.
O
espelho primário, coração do telescópio,
tem diâmetro de 4,1m, espessura de apenas 10cm e poder
de captação de luz cerca de 350.000 vezes maior
que a do olho humano; fabricado com material que pouco se
expande ou contrai sob mudanças de temperatura, no
entanto, permite que a curvatura de sua superfície
possa ser alterada propositalmente para proporcionar foco
ótimo durante as observações (“ótica
ativa”).
O
sistema do espelho secundário, menor, permitirá
manter o alinhamento do tênue feixe de luz dos objetos
celestes, bem como compensar os efeitos das mudanças
de temperatura ambiente e torções gravitacionais
(peso do telescópio quando está inclinado, por
exemplo).
O sistema do espelho terciário permitirá dirigir
o feixe de luz para qualquer um dos nove instrumentos que
estarão em uso junto ao telescópio, bem como
estabilizar as imagens astronômicas através da
rápida correção dos efeitos de turbulência
atmosférica (sistema “tip/tilt”).
4. Por que, afinal, são necessárias
tantas correções?
Ao
tirar fotografias, as pessoas até prendem a respiração
a fim de não borrar a imagem. Com telescópios
terrestres, as coisas não são tão simples...
Quando
o feixe de luz das estrelas, galáxias, enfim, qualquer
objeto celeste, passa pela turbulenta atmosfera terrestre,
sofre mudanças bruscas na direção de
incidência. A imagem de uma estrela no plano focal dos
telescópios, deveria ter a aparência de um diminuto
círculo, quase um ponto. Ao invés disso, aparece
como um borrão que se move rapidamente em torno de
uma posição média, sendo ainda composto
de fragmentos brilhantes que também se movem entre
si, como fagulhas!
Outro
efeito é a vibração do próprio
telescópio devida ao vento, à movimentação
da cúpula do prédio, micro-tremores de terra
e funcionamento dos motores que movimentam o telescópio.
A
fim de compensar esses efeitos prejudiciais e manter o feixe
de luz coletado pelo espelho primário sempre na posição
desejada, um outro espelho do telescópio é dotado
de liberdade de movimento horizontal tanto em na direção
“para os lados” (“tip” em inglês)
como “para frente e par trás” (“tilt”).
A idéia é fazer com que o espelho acompanhe
as variações de chegada do feixe de luz, assim
como (guardadas as devidas proporções) o jogador
de tênis de mesa movimenta a raquete para rebater a
bola em qualquer posição para poder enviá-la
de volta ao outro jogador.
5. Por que o Brasil precisa deste telescópio?
A
comunidade astronômica brasileira cresce a uma taxa
de aproximadamente 10% ao ano. Cada vez mais pesquisadores
brasileiros, incluindo as novas gerações, interessam-se
por temas de fronteira, cujo estudo requer instrumentação
com tecnologia muitas vezes inexistente no momento.
As
instituições de ensino superior e pesquisa em
Astronomia contam com, e têm investido no LNA para poder
empregar telescópios e instrumentos adequados às
suas pesquisas. Em território nacional, o LNA gerencia
o Observatório do Pico dos Dias (www.lna.br/opd/opd.html),
cujo maior telescópio possui espelho de 1,6m de diâmetro.
O LNA gerencia o uso brasileiro dos telescópios de
8m de diâmetro do observatório internacional
Gemini, localizados no Chile (Cerro Pachón) e no Havaí
(Mauna Kea) (www.lna.br/gemini/gemini.html
e www.gemini.edu).
Existem muitos projetos que não podem ser realizados
nem com o telescópio do OPD e nem com os Gemini; o
Telescópio SOAR, com seus 4,2m de diâmetro, vem
preencher esta lacuna, de modo que a comunidade astronômica
brasileira terá ao seu dispor telescópios de
tamanhos diferentes com diversos instrumentos, para os mais
variados projetos de pesquisa. Em particular, ainda, o SOAR
será extremamente versátil, rápido, de
ótica soberba e localizado em local tão privilegiado
como os telescópios Gemini.
6. Onde posso encontrar imagens do Telescópio
SOAR e seu prédio?
- http://www.noao.edu/image_gallery/html/im0786.html
- http://www.noao.edu/image_gallery/html/im0758.html
(e demais imagens deste diretório)
- web sites: www.soartelescope.org
e www.lna.br/soar/soar.html
- ftp anônimo do LNA: ftp.lna.br/divulg/soar
(leia o arquivo readme_divulg_soar.txt)
7. Onde posso encontrar imagens do Observatório
do Pico dos Dias e seus telescópios?
- Ftp anônimo do LNA: ftp.lna.br/users/mabans
(leia o arquivo readme_opd.txt)
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