Subject: polarimetria
Date: Fri, 20 Jun 2003 16:45:32 -0300
From: Antonio Mário Magalhães <ammagal@mpcnet.com.br>
Organization: IAG-USP
To: <geminiaspen@lna.br>
CC: Antonio Mário Magalhães <ammagal@mpcnet.com.br>

Bom dia a todos,

Gostaria de enfatizar a importância, em qualquer nova instrumentação para o
Gemini, da incorporação da capacidade de se realizar polarimetria com ela
desde a fase de design.

1. Hoje, e no futuro menos ainda, não se justifica, como todos concordarão,
o não aproveitamento de informação codificada na radiação recebida. A
obtenção dos parâmetros de Stokes da radiação incidindo ao longo do detector
pode ser feita de maneira bastante eficiente, sem prejudicar aqueles
programas que não a utilizam.

Meu argumento é de que, para os casos em que o interesse do programa
observacional seja o imageamento e/ou a espectroscopia, essa informação pode
ser obtida dos dados, na maioria dos casos, simplesmente somando-se as
imagens ou espectros tomados com diferentes orientações da óptica
polarimétrica. Por outro lado, a informação polarimétrica a também existir e
poderá então ser utilizada pelos próprios participantes do programa ou por
outros grupos para análise. Um exemplo típico seria um programa que objetiva
a determinação da composição química de um objeto, enquanto outro programa
(eventualmente submetido para uso das mesmas observações arquivadas) pode
usar os dados para estudo da geometria do região emissora.

2. A polarimetria é cada vez mais fundamental para a compreensão de diversos
tipos de fenômenos. Alguns exemplos:

- detecção de planetas através da luz espalhada (e, portanto, polarizada) do
sistema;

- estudo da estrutura de envelopes estelares, nos distintos estágios
evolutivos e em galáxias com metalicidade distinta da Solar: polarimetria de
imagem de alta resolução espacial (eg., objetos jovens estelares como T Tau,
Herbig Ae/Be, etc), espectropolarimetria para o estudo da estrutura de
envelopes (WRs, Be's, B[e]'s, PPN, AGB, etc.);

- estudo da turbulência no Meio Interestelar em pequena escala (por ex., nas
Nuvens de Magalhães) usando-se a polarização interestelar através de
aglomerados;

- estudo da assimetria de explosões: Supernovas, GRBs;

- separação, em galáxias a alto redshift, das componentes AGN, estelar e de
poeira.

Até mais,

Antonio Mario

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Dr. Antonio Mario Magalhães        http://astroweb.iag.usp.br/~mario/
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